domingo, 24 de maio de 2009

Introdução aos estudos históricos‏

ASSUNTO: INTRODUÇÂO AOS ESTUDOS HISTÒRICOS
PROFESSOR: SANTANA

A HISTÓRIA, OS HOMENS E O TEMPO.

I – A opção do historiador

A palavra história é uma palavra velhíssima, cujo significado mudou de geração, para geração; assim, podemos afirmar que o sentido que damos à palavra história, não é o mesmo que davam os gregos na antiguidade.
O historiador é necessariamente levado a circunscrever na realidade o ponto de aplicação dos seus instrumentos, fazendo uma escolha do objeto de estudo que, efetivamente será diferente da escolha do biologista, por exemplo.

II – A história e os homens

É errado dizer que a história é uma ciência do passado, até porque a própria idéia de passado como objeto de ciência é absurda!
Devemos prestar atenção para o uso da palavra história, uma vez que a história do historiador difere da história da astronomia, por exemplo, no seu objeto de estudo. O objeto da história é por natureza o homem.
História: ciência ou arte? Ciência. Cada ciência tem sua própria linguagem (na história = historiografia). Os fatos humanos são por essência, fenômenos que escapam à medida matemática e; onde é impossível o cálculo aritmético impõe-se sugerir; logo, o conhecimento histórico não será objetivo e irrefutável como o conhecimento da física, mas sim um conhecimento subjetivo.

III – O Tempo Histórico

Ciência dos homens no tempo é uma definição para a história. O historiador não pensa apenas o humano. A atmosfera que o seu pensamento respira naturalmente é a categoria da duração. O tempo para o historiador não é uma simples medida, é, pelo contrário, o próprio plasma em que se banham os fenômenos, e possui a sua inteligibilidade, assim, o historiador ao estudar o fato, para uma perfeita compreensão, necessita estudar o tempo em que ele ocorreu. O tempo histórico é continuo e perpetua mudanças.

IV – O ídolo das origens

No vocabulário corrente, as origens são um começo que explica. Pior ainda: que basta para explicar. Eis aí a ambigüidade: o perigo.
Nada é mais difícil do que estabelecer uma simultaneidade exata entre as diversas áreas do conhecimento.
No contexto da história religiosa o estudo das origens assumiu espontaneamente um lugar preponderante, dado que parecia fornecer um critério da própria importância das religiões; veja como exemplo o caso da Igreja Católica, aonde os princípios da fé constituem-se nos alicerces que possibilitaram o seu surgimento.
Tais concepções acabaram por fazer com que o passado fosse empregado no propósito de explicar o presente, e pior ainda, no propósito de justificá-lo ou condená-lo.
A história religiosa, aqui foi citada apenas como exemplo. Em todas as modalidades do estudo da atividade humana, o mesmo risco espreita os indagadores da origem: confundir uma filiação com uma explicação.
Nunca um fenômeno histórico se explica plenamente fora do seu momento.

V – Passado e Presente

Em contrapartida aos pesquisadores de origem colocam-se os do imediato. No decorrer de certos escritores, o conhecimento do presente difere do conhecimento do passado. Porém tal idéia faria com que condenada a uma eterna transfiguração, uma pretensa ciência do presente iria metamorfosear-se, a cada momento em ciência do passado.
Há estudiosos que acham que o presente não pode ser estudado, Bloch afirma que eles estão errados e que o presente humano é perfeitamente suscetível ao conhecimento cientifico.
O homem é um ser mutável e, é através da escrita que será transferido sua maneira de pensar para a continuidade de uma civilização.
A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado, mas não vale a pena esgotar-se para compreender o passado, quando nada se sabe do presente. O conhecimento do presente tem ainda uma maior importância que a inteligência do passado, uma vez que o decurso natural de toda a pesquisa é ir do mais conhecido ao mais obscuro, em suma, do presente para o passado.
Vale lembrar que uma ciência não se define apenas pelo seu objeto de estudo. Os seus limites podem ser fixados também pela natureza dos seus métodos.
VI- A Observação histórica
As características mais visíveis da informação histórica, foram muitas vezes escritas. O historiador, por definição, está na impossibilidade de ele própria constatar os fatos que estuda. Dessa forma, o historiador atua como investigador que se esforça para reconstruir um crime ao qual não assistiu ( um acontecimento histórico). Portanto, todo conhecimento da humanidade, qualquer que seja, no tempo, seu ponto de aplicação, irá beber sempre nos testemunhos dos outros uma grande parte de sua substância. O investigador do presente não é, quanto a isso, melhor aquinhoado do que o historiador do passado.
Assim, também os outros vestígios do passado nos oferecem um acesso do mesmo nível. È o caso, em sua quase totalidade, da imensa massa de testemunhas não – escritos, e até de um bom número de escritos. Se os mais conhecidos teóricos de nossos método, não tivessem manifestado tão espantosa e soberba indiferença em relação às técnicas próprias da arqueologia.

VII – Os testemunhos
As pesquisas de Heródoto: a fim de que as coisas feitas pelos homens não sejam esquecidas com o tempo e que grandes e maravilhosas ações, realizadas tanto pelos gregos como pelos bárbaros, nada percam de seu “brilho.” Portanto, Heródoto foi testemunha da história do seu tempo.
Ao contrário, as fórmulas dos papiros dos mortos eram destinadas a seres recitadas apenas pela alma em perigo e ouvidas tão – somente pelos deuses; ( testemunha da história memória), o homem das palafitas que, no lago vizinho onde os arqueólogos os remexe atualmente, jogava fora os dejetos de sua cozinha da sua cozinha queria apenas poupar sujeira á sua cabana; a bula de isenção pontifical só era tão precavidamente preservada nos cofres do mosteiro a fim de ser, chegado o momento, brandida aos olhos de um bispo importuno. ( testemunha da história religiosa). Não podemos afirmar que esses instrumentos de testemunha da história, possam ser isentos de erro ou de mentira. No entanto, a partir do momento em que nos resignamos mais a registrar simplesmente as palavras de nossas testemunhas, a partir do momento em que tencionamos fazê – las falar, mais do que nunca impões se um questionário. O historiador observa, critica empenha – se em avaliar sua autenticidade e veracidade.





Apologia da História - O Ofício do Historiador
Bloch, Marc, Editora, Jorge Zahar

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